quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Colônia Campo de Concentração


Todo centro espírita é alvo dos inimigos da luz. É comum que hordas de malfeitores empreendam ataques ocasionais. Numa casa criada num hospital psiquiátrico não é diferente. Talvez esses ataques sejam mais acirrados.

Iniciamos nossas atividades mediúnicas em 1999, com objetivos de amparo a quantos nos procurassem. Na primeira sessão, nosso benfeitor espiritual nos disse que traria o espírito dirigente da cidade umbralina sobre aquele espaço psiquiátrico, que ele se sentia no direito de infligir dores aos internos e seus comensais e que nós não deveríamos tentar orientá-lo, pois se tratava de um espírito de mente vigorosa, mas que deveríamos fincar a bandeira de Jesus, informando que o Mestre estaria presente em nossas atividades.

Nos primeiros anos de atividade sofremos uma série de ataques, o que afugentava a maioria dos trabalhadores. Outros chegavam com promessas de lutas e determinação, mas logo que o cerco apertava, interferindo em suas vidas profissional, social e familiar, baixavam a guarda, dizendo que seria impossível vencermos a luta. Até mesmo tentavam nos convencer a transferir o centro para fora do hospital, alegando que estávamos sob forte influência deletéria e que a mesma impediria qualquer atividade. Chegamos a escutar de diversos companheiros de jornada espírita, que trabalhar num centro espírita dentro de um hospital psiquiátrico era garantia de obsessão e que eles não iriam se arriscar. Por fim, depois de muita luta, ficaram apenas três dos mais antigos e um punhado de médiuns recém chegados, que devotadamente faziam o trabalho em nome de Jesus, suportando as dificuldades impostas pela situação.

Logo depois da virada do milênio, os ataques ficaram mais intensos, dificultando nossas atividades. Nossos esforços voltaram-se mais aos espíritos equivocados que nos atacavam do que aos que nos procuravam ou eram trazidos em busca de ajuda. Devido às fraquezas morais do grupo de trabalhadores, essas criaturas que transitavam nas sombras, encontravam campo fértil para esse tipo de ação.

Diversas reuniões mediúnicas já tinham sido empreendidas visando o amparo e orientação a esses Espíritos. Os dirigentes espirituais não se cansavam de enviar avisos e orientações aos trabalhadores encarnados, estimulando-nos à reforma íntima.

Os Espíritos de menor importância na estrutura hierárquica do grupo ofensor eram amparados com freqüência, mas naquele dia haveria o embate decisivo, seria o dia em que enfrentaríamos os líderes da colônia das sombras.

Era uma segunda-feira e havia caído uma forte chuva, o que impediu que alguns membros da casa comparecessem. Felizmente, aqueles mais dedicados haviam chegado.

Ao som da Ave Maria de Schubert, fizemos nossas preces, dando início aos trabalhos, rogando ao Senhor, que nos enviasse seus mensageiros, a fim de nos dirigir, conduzindo nossas palavras, fazendo-as dóceis e eloqüentes aos corações combalidos. Pedimos o amparo em nossas fraquezas, porque sabemos que ainda não somos exemplos para aqueles a quem pretendíamos auxiliar. Sob o comando do dirigente espiritual, iniciamos os trabalhos.

Narraremos os diálogos conforme aconteceram, para que o leitor faça melhor idéia do quadro de lutas.

Primeiro espírito – Branco trazido à força.

Médium falando pelo Branco

- “Soltem-me, que direito têm de me trazer á força á essa reunião que não é mais que uma palhaçada?”

- “Eu já disse que não vou falar nada. Quando o chefe souber... há... vocês vão pagar caro. Ele é forte e poderoso e vai destruir a vida de vocês, um por um. (Gargalhada) Já tem alguns de vocês que não suportam mais, têm pesadelos, mau humor, estão brigando com as esposas e maridos. Tem um que até perdeu o emprego. (Gargalhada) Vocês são muito fracos, fáceis de enganar!(Gargalhada) Vocês estão perdidos, somos muitos e nosso chefe vem aí, vai acabar com vocês! (Gargalhada)”

Orientador

- “Seja bem vindo á nossa casa, que nada mais é que um pronto socorro, onde recebemos os irmãos em necessidade com todo o carinho e amor, assim como o Senhor Jesus nos ensinou. Vejo que se trata de mais um companheiro daquele grupo de Espíritos equivocados, que ainda perdem seu tempo na tentativa de apagar a Luz de Amor de Jesus, quando poderiam dedicar-se ao crescimento espiritual, vivendo dias mais felizes”

Médium falando pelo Branco

- “Grupo não, nossa cidade é grande e cada dia aumenta mais. He! He! Todo o dia tem gente nova chegando e o chefe bota pra trabalhar até não agüentar mais.”

Orientador

- “Então é uma cidade? Como ela se chama?”

Médium falando pelo Branco

- “Não estou autorizado a falar. Quer saber de uma coisa, eu vou é embora, sinto que o chefe me chama!”

(É contido pelos trabalhadores espirituais)



Orientador

- “Calma, meu amigo. Nós logo o liberaremos. O trouxemos até aqui para conversarmos um pouco mais. Não tenha medo, não lhe faremos qualquer mal!”

Médium falando pelo Branco

- “Quer conversar o quê, já disse que não tenho nada pra falar!”

Orientador

- “Como se chama?”

Médium falando pelo Branco

- “Não interessa. Pra que você quer saber o meu nome?”

Orientador

- “Apenas para estabelecermos um contato mais cordial. Ouvi dizer que nessas cidades vocês nem têm nome!”

Médium falando pelo Branco

- “Eu tenho sim, me chamo Branco.”

Orientador

- “Ótimo, agora melhorou, já sabemos com quem estamos falando! E como se chama essa cidade de vocês?”

Médium falando pelo Branco

- “Não interessa, já falei demais. Pra que você quer saber o nome dela?”

Orientador

- “Muito bem, você não quer falar, não há problema. Qual a sua função na cidade? Você é um operário?”

Médium falando pelo Branco

- “Operário nada, lá eu também mando! Eu ando com o chicote nas mãos, botando todo mundo pra trabalhar. Quem desobedece, o castigo é comigo mesmo! Sabe de uma coisa? O papo está muito bom, mas tenho que me mandar, o chefe me espera.”



(O Dirigente Espiritual se aproxima de Branco e aplica-lhe um passe, acalmando-o)

- “Estou me sentindo estranho. O que vocês estão fazendo comigo?”

Orientador

- “Não é nada, é apenas o nosso Dirigente Espiritual que está lhe aplicando um passe, para equilibrar suas forças, fazendo com que se sinta melhor. Ele está lhe oferecendo abrigo na Colônia a qual estamos ligados, te amparando nas suas necessidades e auxiliando-o numa nova programação, quando voltando a Terra, poderá resgatar mais alguns dos seus débitos.”

Médium falando pelo Branco

- “Deixa o Calisto saber que vocês estão tentando me doutrinar. Ele vai ficar uma fera. Eu sou homem de confiança dele!”



Orientador

- “E quem é Calisto?”

Médium falando pelo Branco

- “Chiii... não é ninguém, já falei demais...”

Orientador

- “Branco é o seu verdadeiro nome?”

Médium falando pelo Branco

- “Não, esse é o nome que Norberto me deu quando chequei ao Campo de Concentração...”

Orientador

- “Campo de Concentração? Então é esse o nome da sua cidade? E quem é Norberto?”

Médium falando pelo Branco

- “Chiii... falei demais de novo!”



Orientador

- “Mas por que te deram o nome, Branco.”

Médium falando pelo Branco

- “Ta na cara né? Não tá vendo? É porque eu sou pretinho.”

Orientador

- “Você não se lembra do seu nome quando encarnado?”

Médium falando pelo Branco

- “Sei lá, faz tanto tempo que até esqueci.”

(O Dirigente Espiritual e o Orientador, numa só vibração despertam na mente de Branco as velhas lembranças da última existência)

Orientador

- “Vamos te auxiliar a lembrar o seu nome, de onde você veio, o que você fazia. Voltemos ao passado, vasculhando nos refolhos da sua mente, voltando..., voltando... até a época em que você estava encarnado.”

Branco se vê na última encarnação.

Médium falando pelo Branco

- “Esses miseráveis. Matei a todos. Agora quero ver como o Sinhô vai se virar sem escravos”.

Orientador

- “Diga-me o que aconteceu? Quem você matou? Quem é você?”

Médium falando pelo Branco

- “Eu sou um escravo mestiço, filho bastardo do desgraçado que é dono da fazenda. Ele vive estuprando todas as escravas jovens. Lá, nascem muitos escravos mestiços, todos filhos daquele filho de um cão. Aquele infeliz violenta até as próprias filhas mestiças.”

Orientador

- “É triste e entendo sua raiva, mas a quem você matou meu irmão?”

Médium falando pelo Branco

- “Todos os escravos. Agora quero ver como aquele miserável vai se virar sem ninguém pra cuidar da plantação de café.”

Orientador

- “Meu Deus, mas por quê? Você matou seus próprios irmãos de sofrimento?”

Médium falando pelo Branco

- “É que eu fui mandado acompanhar o filho dele numa viagem nas terras de São Paulo, pra trazer mercadorias. Quando voltei, descobri que aquele filho de um cão, mandou amarrar minha mãe no pelourinho e ser surrada até a morte. Tudo porque sumiu uma peça de carne da cozinha. Ela era cozinheira, mas não foi ela, foram os outros escravos covardes. Mas botei veneno na comida deles e matei a todos!”.



(O Dirigente Espiritual, aproxima-se com o Espírito que foi a mãe de Branco, que o envolve chorando. Ela aparece iluminada)

Orientador

- “Olhe ao seu lado meu irmão, veja, nessa luz tem alguém que você conhece!”

Médium falando pelo Branco (Chorando)

- “Mãe, é você? Quanto tempo! Pensei que tinha perdido você pra sempre”.

Mãe de Branco

- “Meu menino, por que você foi fazer aquilo? Agora terá mais esse débito em sua alma! Mas estarei com você sempre que possível. Agora você deve responder às perguntas que eles estão te fazendo.”

Médium falando pelo Branco

- “Tudo bem, o que vocês querem saber?”

Orientador

- “Gostaríamos que você nos dissesse quem são os dirigentes dessa cidade, como é a vida naquele lugar, quais as suas atividades e tudo o mais que puder nos informar.”



Médium falando pelo Branco

- “Como eu disse, me chamam Branco, nome dado por Norberto. Esse Norberto é uma espécie de braço direito de Calisto, o dirigente do Campo de Concentração. Os nomes são dados sarcasticamente quando as pessoas chegam à cidade. Lá existem milhares de Espíritos e o movimento é como num formigueiro.”

- “A chefia é com Calisto, ele é um Espírito muito grande e forte. Tem olhos vermelhos e penetrantes. A sua presença amedronta qualquer um. Ele tem um poder tão grande que aqueles que não o obedecem, ele fala no ouvido da pessoa e ela é transformada em animal. Ele olha pra pessoa e diz pra ela qual o animal que ela vai ser. E a pessoa vai se transformando ... transformando ... é de dar medo, ninguém quer ficar perto dele.”

Orientador

- “Sabemos como é feito, esse processo chama-se zoantropia. Como o corpo espiritual é plástico, tomando a forma que o espírito deseja ou acredita, quando hipnotizado, o hipnotizador faz com que a sua vítima acredite que é um lobo, um porco, uma cobra ou qualquer outro animal. A criatura perturbada, plasma antão em seu próprio corpo, a imagem que lhe é sugerida. Quando trazidas em nossas reuniões mediúnicas, sofrem o processo inverso, quando usamos o mesmo magnetismo para fazê-los lembrarem-se quem realmente são. Mas o que mais você pode nos dizer?”

Médium falando pelo Branco

- “Calisto permite a saída do Campo de Concentração em grupos, a fim de capturar novos Espíritos que acabaram de desencarnar. Dão preferência aos acidentados que não são amparados, drogados, viciados, marginalizados, etc. Cada um é utilizado de acordo com suas habilidades, para os serviços que Calisto desejar.”

- “Aqueles que se recusam a executar as tarefas determinadas pelos comandantes são severamente castigados. Levam surras, são trancafiados e podem até ser transformados em animais, com esse processo que você descreveu. É triste. Até eu tenho pena daquelas criaturas!”

- “O ambiente é de medo, triste e muito frio. As pessoas fazem fogueiras para se aquecerem. Falta água, comida, falta tudo.”

- “Olha, se eu fosse vocês não mexia com o Calisto. Ele já encerrou as atividades de várias casas de oração e está determinado a acabar com o Centro Espírita de vocês. Tudo isso por causa da interferência, resgatando com freqüência os Espíritos que se aproximam daqui.”

- “Calisto tenta há vários meses interferir nas atividades dessa casa, sem sucesso. Foi quando ele resolveu formar uma equipe de especialistas, seguindo cada um de vocês, durante meses, para saber quais as suas preferências, suas fraquezas, suas dificuldades, suas atividades profissionais, familiares, etc. Ele sabe tudo de vocês. Uns têm problemas de agressividade, outros com o sexo, têm aqueles que suas dificuldades são com a família, outros com dinheiro, bebidas... e assim vai. Sabendo disso, ele manda criar situações específicas para cada membro da casa, de acordo com suas fraquezas.”

Orientador

- “Muito bem, meu irmão. Agradecemos a ajuda e rogamos a Deus que te ampare. Vá agora, siga com sua mãezinha. Vocês têm muito que conversar antes de seguir sua caminhada evolutiva. Que a paz de Jesus seja em seu coração.”



(Branco se afasta, abraçado à mãe e amparado pelos trabalhadores da casa)



Dirigente encarnado

- “Agradecemos Senhor, por mais esse auxílio. Rogamos a Jesus que continue iluminando os verdadeiros trabalhadores do Cristo, que são os companheiros do plano espiritual.”



(Um Espírito, com feições duras, olhos vermelhos, de corpo muito grande, é trazido acorrentado pelos trabalhadores espirituais e sentam-no atrás de outra médium – Era o Espírito Calisto)



Médium falando pelo Calisto

- “Me larga, me larga! Você vão pagar tintin por tintin...”

- “Vocês me pagam. Quem pensam que são para me trazer até aqui, nesse muquifo? Vê-se que não sabem com que estão lidando! Mas minha vingança não tarda...”



Orientador

- “Seja bem vindo meu irmão, a essa casa de paz e amor. Que Jesus seja em seu coração.”

Médium falando pelo Calisto

- “Que Jesus que nada, se o crucificado fosse tão poderoso não teria morrido na cruz, feito um qualquer ... agora vejam só, esses seguidores dele pensam que podem comigo!(Gargalhada)”

Orientador

- “É verdade que ele morreu na cruz, mas cumprindo sua missão de amor. Nos ensinou as virtudes do amor ao nosso semelhante, a perdoar a quem nos fez mal e ajudar quem necessite. Quanto ao desencarne de Jesus naquelas circunstâncias, faz parte dos desígnios de Deus.”

- “Mas isso é outra história e não o convidamos a essa reunião para falarmos da história de Jesus. O nosso objetivo hoje é você.”

- “Quem é você? É mais um operário do Campo de Concentração?”

Médium falando pelo Calisto

- “Pelo que vejo aquele porqueira do Branco já andou dando com a língua nos dentes. Só pode ser ele que revelou o nome da nossa cidade... E o que mais aquele besta falou? Haaa..., quando eu puser minhas mão naquele negrinho ...”

Orientador

- “Quanto a isso, receio que não será possível, pois ele foi resgatado pelos enviados do Mestre e já está amparado sob seu Manto Divino. Mas você, quem é? ”

Médium falando pelo Calisto

- “Não interessa, quem quer saber?”


Orientador

- “Sou um humilde trabalhador da nossa casa espiritual e não tenho importância alguma, mas estou a serviço do Senhor.”

Médium falando pelo Calisto



- “Pois eu tenho. Você está falando com o comandante dos exércitos de Campo de Concentração. Eu faço, eu aconteço. Meu desejo é uma ordem!”



Orientador

- “Que prazer em recebê-lo em nossa humilde casa de caridade! Como devo chamá-lo? Você tem nome ou também tem apelido como os outros da cidade?”



Médium falando pelo Calisto

- “Muito respeito comigo rapaz, apelido é pros escravos e meu nome não te interessa. Você só precisa saber que sou o dirigente maior de Campo de Concentração. Basta uma ordem minha e esta casa será invadida pelos meus soldados e todos serão destruídos. Muito cuidado ...”



Orientador

- “Então devemos estar falando com Calisto!”

Médium falando pelo Calisto


- “Há neguinho maldito! Também foi ele que disse o meu nome?”



Orientador

- “Isso não importa e não desejamos desrespeitá-lo meu irmão. Vemos que estamos tratando com um Espírito inteligente. Não me parece ser uma criatura ignorante como os outros!”



Médium falando pelo Calisto

- “Ainda bem que você reconhece. Mas fala logo o que você quer. Tenho muito o que fazer e minhas tropas estão á entrada desse muquifo, aguardando minhas ordens.”



Orientador

- “Meu irmão, fico pensando, como é que uma pessoa inteligente como você, certamente com uma bagagem de experiências enorme, foi cair numa esparrela como essa. Mas o que te aconteceu depois do seu desencarne para que você tenha sido atraído para esse tipo de ambiente de tortura e dor?”



Médium falando pelo Calisto

- “Tortura e dor pros outros, não pra mim! E não te interessa o que eu fiz. Sabe de uma coisa? Não estou gostando nada dessa conversa. Eu vou embora...”



(O Dirigente Espiritual aplica passes em Calisto, acalmando-o)



Orientador

- “Não meu amigo, ainda é cedo, gostaríamos de conversar mais. Sabe, Espíritos com o seu conhecimento poderiam ajudar muito aos valorosos soldados de Jesus? Tenho certeza que suas qualidades seriam muito bem aproveitadas!”



Médium falando pelo Calisto

- “E você acha que eu vou abandonar o comando para ser um simples soldado? Você é besta mesmo!”



Orientador

- “Acredito que sim, se você entender as vantagens que estão envolvidas!”



Médium falando pelo Calisto

- “Pode tirar o cavalinho da chuva. Tô fora.”



Orientador

- “Muito bem. Mas uma criatura como você já deve ter amado muito e também deve ter sido amado por diversas pessoas. Onde elas estão? Porque nesse ambiente de tortura que você vive, certamente elas não estão!”



Médium falando pelo Calisto

- “Não tenho ninguém que eu tenha amado no meu passado. Eu apaguei tudo.”



Orientador

- “Se você apagou ou quer esquecer, é porque há erros nesse relacionamento. Mas o que aconteceu?”



Médium falando pelo Calisto

- “Nada, eu já disse que não existe ninguém.”



Orientador

- “Com permissão e apoio do nosso Dirigente Espiritual, gostaria que você lembrasse de alguém com que você viveu e amou muito. Uma mãe, um pai, uma esposa ... você se lembra da sua última encarnação? Provavelmente algo aconteceu que o levou essa situação equivocada!”

(O Dirigente Espiritual aproxima-se e aplica-lhe um passe, auxiliando-o a lembra-se.)

- “Vamos lembrar, vasculhando o fundo da sua mente na sua última passagem pela Terra... voltando ... voltando ... voltando ...”



Médium falando pelo Calisto

- ““Eu era casado com uma linda mulher, Otilha, a quem eu dedicava todo o meu amor. Ela tinha um primo que estava sempre por perto, trazendo flores e lhe dando atenção... Embora ela dissesse que o amava como a um irmão, que cresceram juntos, o ciúme me roia a alma.”

- “Certa feita, tive que fazer uma viagem por alguns meses. Quando voltei, recebi uma notícia que me deixou desnorteado. Otilha estava grávida. Rejeitei de imediato essa gestação, dizendo que eu não poderia ser o pai daquela criança. O ódio e o ciúme me subiram à cabeça. Aqueles dois estavam conspirando para me matar, eu sabia, eu sentia. Então, comecei a observá-los com mais atenção, fui elaborando um plano para me livrar daquele que queria me desonrar, que não respeitava nem a mim e nem a mulher que eu amava.”

- “O tempo foi passando e aqueles dois cada vez mais próximos. Quando a criança bastarda nasceu, ela se atreveu a dar-lhe o meu nome, Calisto. E ele, o traidor, como de costume, lá em casa, rondando, espreitando... Com o coração sangrando de ódio discuti com os dois, acusando-os de traírem-me. Eu a esbofeteei e ele interveio como eu esperava, pois ela tinha a criança no colo. Saquei da pistola para atirar nele, mas ela se pôs na frente com a criança. O tiro matou os dois, ela e seu filho. Ele então partiu para cima de mim, de adaga em punho, quando desarmei-o, ferindo-o mortalmente no coração com a própria adaga. Essa é a lembrança que tenho. Está satisfeito? Ainda achas que tenho alguém que me ama?“



Orientador

- “Meu irmão, quando há casos como esses, onde a tragédia se prenuncia há tempos, deve haver uma causa no passado mais distante. Pedimos mais uma vez ao nosso Dirigente Espiritual que nos auxilie numa incursão à sua memória de vidas passadas, buscando a gênese dessa tragédia. Vamos voltar... voltar... voltar... até encontrar com os mesmos Espíritos, embora sendo outras personagens.”



Médium falando pelo Calisto

- “Vejo um lindo bosque, uma casinha simples ao fundo. Vejo um jovem cortando lenha. Ao fundo, uma outra pessoa passa por entre as árvores com alguma coisa na mão... sou eu, roubando frutas daquela chácara, eu fazia isso sempre. O jovem com o machado na mão me viu. Aproxima-se uma senhora e o abraça. Ele diz alguma coisa apontando para mim e ela tenta segurá-lo, mas ele consegue se soltar e vem ao meu encontro. Ele se aproxima, discutimos, me chama de ladrão de frutas e ele me cerca com o machado na mão. Tenho medo, solto as frutas e puxo o facão para me proteger. Ele parte com o machado e me atinge, no pescoço e caio mortalmente ferido.“



Orientador

- “Sentimos a presença de outro Espírito na sala, vibrando com muito amor.”



(Num canto da sala, iluminados, os médiuns vêem Otilha com seu filho ao colo. Ela aproxima-se de outra médium e diz:)



Médium falando pelo Otilha

- “Meu amor, quanto tempo!”



Médium falando pelo Calisto



- “É você Otilha e seu filho bastardo, sua infiel?”



Um terceiro médium fala pelo Dirigente Espiritual

- “Meu irmão. Quem lhes fala é o Dirigente Espiritual dessa reunião. Infelizmente a cegueira do ciúme gera tragédias de difícil solução! Nossa irmã Otilha sempre o amou com todo o seu coração e nunca o traiu. Repare bem em suas feições, com quem ela se parece?”



Médium falando pelo Calisto

- “Estranho ... agora percebo como ela é parecida com a avó daquele que me matou com o machado... ?”

Um terceiro médium fala pelo Dirigente Espiritual

- “Observe agora o primo de Otilha, com quem ele se parece?”



Médium falando pelo Calisto



- “Deus do céu, é ele, o crápula que me assassinou com o machado ...”



Um terceiro médium fala pelo Dirigente Espiritual

- “Meu amigo, a Lei de Causa e Efeito nos obriga a restaurar em laços de afetividade os grilhões de ódio e dor. Para o devido reajuste que a Lei nos impõe, foi planejado um novo encontro nas lidas da Terra, fazendo com que as mesmas criaturas, embora vestindo personagens diferentes, aprendessem a amar-se, resgatando os débitos do pretérito.”



Médium falando pelo Calisto

- “Então Otilha e seu primo são os mesmos ... é por isso que Otilha era chegada a seu primo...”



Um terceiro médium fala pelo Dirigente Espiritual

- “Por ele ter sido o causador da sua morte em outra época, você tinha uma ascensão moral sobre ele. É por isso que ele sempre se afastava quando você estava por perto, sentia-se diminuído, em débito...”



Médium falando pelo Calisto

- “E eu tomava essa atitude como quem tem culpa no cartório... e a criança?”



Um terceiro médium fala pelo Dirigente Espiritual

- “Era seu legítimo filho.”



Médium falando pelo Calisto

- “Então eu matei minha mulher, o amor da minha vida e meu filho?”



(Calisto entra em pânico, se desespera, mas Otilha se aproxima)



Médium falando pelo Otilha

- “Meu amor, não se desespere, sempre há uma saída... eu o perdôo!”



Médium falando pelo Calisto



- “Mas como você ainda fala comigo, sendo eu essa criatura tão abjeta, tão mesquinha, tão vil...?”



Médium falando pelo Calisto



- “O meu amor por você é mais forte. Eu te perdôo, do fundo do meu coração!”



Orientador

- “Amigo, meu irmão em Cristo! Agora, de posse desse conhecimento, a equipe de socorro está pronta para ampará-lo. Sua querida Otilha te espera. Você aceita a nossa ajuda? Aceita fazer uma revisão dos acontecimentos e, juntamente com os arquitetos espirituais, planejar com os envolvidos uma nova expedição à Terra, num roteiro de lutas e redenção?”



Médium falando pelo Calisto



- “Sim ...mas não sei como reparar o mal que causei!”



Um terceiro médium fala pelo Dirigente Espiritual

- “Mais uma vez a providência divina chega na hora exata. Nossos superiores o ajudarão a planejar uma nova encarnação, onde Otilha será a sua mãe, quando o cobrirá de amor e proteção. Terá como o pai o primo de Otilha, que você tirou a vida. Ele será o fiel da balança. Exigirá de ti mais que aos outros filhos. Nunca estará satisfeito com sua dedicação, até que vocês se encontrem de volta na Pátria Espiritual, analisando seus passados, quebrando os grilhões que os aferram e aprendam a amarem-se, assim como Jesus ensinou.”

- “Veja bem, por pior que sejam as provas que te submetam, deverás atendê-las com todo o teu amor, com toda a sua dedicação. Os bons amigos espirituais estarão contigo. Muita paz.”



Dirigente encarnado

- “Agradecemos Senhor, por mais esse auxílio. Rogamos a Jesus que continue iluminando os nossos trabalhos. Pedimos ao nosso Dirigente Espiritual que se ainda houver mais algum Espírito programado para se comunicar, estamos prontos.”



Outro médium fala pelo primo de Otilha

- “Como isso pode ser? Além de ter sido caluniado ainda fui assassinado e vocês ainda ajudam esse crápula?”



Orientador

- “Meu irmão, todos serão ajudados. Jesus nos ensinou que deveremos nos ajustar com os nossos desafetos enquanto estamos no caminho, para que possamos merecer o ingresso a uma vida mais feliz.”



Outro médium fala pelo primo de Otilha

- “E pelo que vi, vocês estão querendo que eu o receba como filho? Nunca! Se for obrigado ele comerá o pão que o diabo amassou!”



Orientador

- “Se seu coração ainda está tão enegrecido pelas nuvens da vingança, assim será, e muito pouco poderemos fazer, embora venham receber toda a orientação necessária. Essa é a conseqüência das tragédias, quando reencarnamos juntamente com os nossos inimigos dentro do mesmo lar, compartilhando os bons e os maus momentos, aprendendo a nos amar. Mas lembre-se da Lei de Causa e Efeito, pois serás julgado com o mesmo rigor que usar para julgar aos outros!”



Outro médium fala pelo primo de Otilha

- “Só me faltava essa...!”



Orientador

- “Veja meu amigo, Deus nunca desampara, você terá a Otilha como sua esposa, dedicada companheira de muitas vidas.”



Outro médium fala pelo primo de Otilha

- “É... ao menos isso!”



Orientador

- “Agora você será conduzido às mãos dedicadas dos nossos superiores que, juntamente com você, Otilha, Calisto e outros irmãos, planejarão os próximos passos da inexorável caminhada evolutiva. Que Deus o proteja e o ilumine.”



(O Espírito Norberto é trazido e sentado atrás de uma das médiuns)



Médium falando por Norberto

- “Canalhas. O que fizeram com Calisto? Devem ter usado de alguma magia que não conheço! Me admiro dele ter se deixado capitular tão facilmente!”



Orientador

- “Seja bem vindo meu irmão, que a paz de Jesus seja em seu coração.”



Médium falando por Norberto

- “Não vem com conversinha não! Bem que eu desconfiava. Aquele poder todo dele era só fachada. Mas agora quem vai ser o chefe sou eu!”



Orientador

- “E com quem estamos falando?”



Médium falando por Norberto

- “Pra você é o chefe. Sou o todo poderoso agora!”



Orientador

- “Você é o segundo na linha de comando de Campo de Concentração?”



Médium falando por Norberto

- “Segundo não, agora sou o primeiro!”



Orientador

- “Então se trata de Norberto?”



Médium falando por Norberto

- “Não podia ser outro!”



Orientador

- “Meu querido irmão, naquele lugar de sofrimento que vocês chamam de cidade, têm a ilusão de que são fortes, belos, poderosos, mas na verdade vivem em desgraça. Pedimos o auxílio do nosso Dirigente Espiritual para que te ajude a se ver como realmente é. Veja seu corpo!”



Médium falando por Norberto

- “O que é? Sou forte e bonitão. A mulherada se amarra em mim, nas minhas tatuagens, nos meus músculos...”



(O Dirigente Espiritual aplica passes em Norberto)



Orientador

- “Ledo engano! Observe melhor, veja sua roupa, toda rasgada, em frangalhos, seu corpo está coberto de chagas! Você pensa que são tatuagens, mas são feridas.”



Médium falando por Norberto

- “É mentira! vocês estão me enganando, isso é bruxaria. O meu corpo não é assim, todo mundo me admira.”



Orientador

- “Não é verdade, meu irmão. Hoje, você esta tendo a oportunidade de ver-se como realmente é.”



Médium falando por Norberto

- “O quê que vocês estão fazendo comigo? Estou me sentindo fraco... Isso é bruxaria ...”



Orientador

- “Meu querido irmão equivocado, você está recebendo os benefícios dos Espíritos com objetivos de te tratar. Estamos aplicando um medicamento que está te levando a dormir... dormir... dormir....”



(O Espírito é retirado pelos trabalhadores espirituais)



Um terceiro médium fala pelo Dirigente Espiritual

- “Companheiros. O trabalho está realizado. Os valorosos operários do Senhor estão em Campo de Concentração, auxiliando as infelizes criaturas que ficaram na retaguarda. Todos têm a oportunidade de resgate, para viver, aprender e trabalhar em nome do Mestre. Os Espíritos mais debilitados, os em estado de zoantropia, os desfalecidos, já foram transferidos para as enfermarias da Colônia Maria Mãe Santíssima, a qual estamos ligados.”

- “Quanto a nós, só podemos agradecer ao Senhor Divino pelo amparo e a oportunidade de servir na lida redentora da orientação e da caridade. Sabedores da nossa insipiência e temerosos que sabemos ser, mas tocados pelo amor que do Senhor Jesus dimana, agradecemos, também, a honra imerecida de servi-Lo na pessoa do nosso próximo, do caminho redentor. Paz a todos.”

Informação adicional:

Aos companheiros que não são afeitos aos trabalhos mediúnicos de desobsessão, pode parecer estranho a esposa de Calisto aparecer com a criança no colo, já que se passaram diversas décadas. Os benfeitores espirituais plasmam essas cenas ou até mesmo o próprio espírito, vivendo no transtorno da loucura espiritual, plasma em seu colo objetos e até o corpo de um filho perdido. Observamos que nesse caso, Otilha progrediu no outro lado da vida, plasmando a imagem que Calisto viu, com objetivo de desintegrar as impressões do passado, causadoras de tanto desastre.


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